Poesias

"A beleza das coisas está no espírito de quem as contempla. " (David Hume)

"É preciso saber olhar para os olhos de uma criança para saber o que vai na alma." (Torrente Ballester)




segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Saudade




Saudade

O Tempo passa inconsciente
Nas mãos sábias da tua mãe
Ao rosto cansado e ausente
Nos Olhos tristes que tem

A ruga visível assente
Em anos tombados terei
Que a saudade mata o presente
Dos beijos doces de uma mãe

Carla Bordalo

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Nunca Mais!









Nunca Mais!


Nunca mais direi que te amo,
Ao coração espelhado em vocábulo
Que na oferenda gratuita dum ramo
Invertem graciosas flores ao estábulo.                              
Pois se no encontro do precioso ano,
À vergonha de falsos diamantes desposa-los…
Junto geriberas risonhas do aniversário
A mais um ano solitário!

Carla Bordalo

terça-feira, 1 de junho de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Alguém Muito Especial

Há alguém de quem eu gosto,
Mesmo muito, e és tu!
Criança linda pequenina
Engraçada e jeitosinha.

Muito alegre e bem-disposta,
Sorridente e exploradora
Olhinhos arregalados
Demonstrando atenção.

Há alguém a quem eu amo,
Mais que a vida, que a razão!
Bebé lindo e ternurento
De partir o coração.

Pouco come, mas que importa
Arrelias de uma mãe!
Deixa estar! -diz a avozinha,
É saudável, tudo bem!

Há alguém por quem eu olho,
Com vontade de cuidar
Para sempre nesta vida
Sem querer magoar!

No banho, tal pequenino
O papá terá de dar
A mãe tem sempre receio
Do seu bebé afogar!

Há alguém por quem eu quero,
Fazer algo com carinho
Na certeza que ele saiba
Ter da mãe muito miminho!

Um beijinho, sem demora
Desses lábios tão docinhos
Um abraço que me explora
Uns bracinhos pequeninos!

Há alguém por quem eu choro,
Quando antevejo sofrer
Desespero e quase morro
Sem saber o que fazer!

Há alguém por quem eu vivo
Apreensiva e sem saber
O que o meu filho querido
Do futuro vai receber!

Eduardo, meu Pedrinho
O tempo passa a correr
Agora és um rapazinho
Cresce mais devagarinho!



Carla Bordalo

Aquele Olhar

Estás triste?
Não, não estou…
Tens medo?
Não, não tenho…
Que tens tu, então?
Não sei! Mas… sem medo, nem frio, nem calor, nem…
Que tens tu, afinal?
Tão pouco me sinto feliz, ou triste, ou mal…
E, não! Também não tenho medo de sonhar…
Se sei?
Sei que é noite ou dia,
Porque o sol nasce ou morre no horizonte,
Escondido nas nuvens, perdido no monte…
E é noite?
É a noite fria que enevoa o meu olhar,
Escolho ausente um caminho a optar…
Tão-pouco sei se sou forte,
Nem sei se irei fraquejar…
Medo! Terror de partir e caminhar…
Desistir?
Não travo penúrias de coragem no ar…
Sozinho?
Não estou só!
Se sei? Não, não sei…
Apenas sei que devo caminhar
Pela vereda comprida, espinhosa e, sem fim…
O fim! Não, não o sei…apenas sei que ao entrar,
Aguilhões me arrastam no meu passar…
Se entro? Não sei…
Só sei que no pavor do escuro,
Hesitações, e dúvidas, me vão alcançar,
Tamanhos fundamentos a clarificar…
Segues?
Por esse caminho pretendo passar,
Distinguir o horizonte, o bem e o mal…
Assinalando passagem por essa vereda,
Aprenderei quem sabe... a respirar.



Carla Bordalo

Foste… e tudo se perdeu

Vem!
Espero-te há dias
Tu foste sem mim.
Dias são anos…
Séculos sem fim…

Vem!
Não fujas mais
Vem e fica a meu lado
Como eu ficarei ao teu
Juraste que não irias jamais
Mas, tu… ente amado
Foste e… tudo se perdeu.

Vem!
Vem comigo
Dá-me um abraço
O tempo nada vale sem ti
Fica também meu amigo
Olha já o meu cansaço
Preciso que fiques, fica aqui.



Carla Bordalo


Novo Rumo, Nova Miragem

Entrei no salão e vi
Olhar em olhos de espelhar.
Em boa noite, com jeitinho…
Um braço forte e gesto rude!
Quis sair, quis fugir, não pude…
Entendi apenas um abraço e um carinho.

Mergulhei porém, na imensidão do tempo,
Desloquei o olhar até à margem do passado…
Sofri sozinha, por momentos.
Quando olhei nuns olhos, e pude ver-me neles,
Algo transbordava de novo:
Desconhecido…algemado…

Mas que grande e tão quente
Envolvi num abraço fortemente!
Mirei de novo uns olhos, e vi-me neles!
Reconfortante e feliz… depois chorei,
Quando aos poucos reparei
Que a mesma página, eu virei!




Carla Bordalo