És a vida e a morte!
És um vício, o meu vício, nosso vício;
Autêntico, único, uma montanha…
O pecado e o perdão.
O teu corpo,
O desejo insensato!
Teu olhar, o fogo eterno de saber,
Dos laços que sufocam a dor
Em vestes de prazer.
A tua voz:
Ternura de crueldade!
Sabores amargos, doce sabor;
Vinho tinto, cálice velho e amargo;
Servido até meio.
As mãos,
Delicadas e gastas!
Ansiosas de loucura, ternas de carinho;
Calos ardentes, gastos e vagos;
Desfeitos no tempo.
As palavras,
Invisível música!
Tocada em harpas, som de violino;
Parece um tambor, batido de longe;
Rasgado por dentro.
Os teus olhos,
De cor desumana!
Perdidos em nada, ausentes de fé;
Libertam faíscas, ausências de amor;
Mirando sem ver.
O coração
Inocente paixão!
Incapaz de dar, ignóbil de receber;
Carente de amor, ausente de paixão;
Desonesto sem saber.
Carla Bordalo
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