Poesias

"A beleza das coisas está no espírito de quem as contempla. " (David Hume)

"É preciso saber olhar para os olhos de uma criança para saber o que vai na alma." (Torrente Ballester)




terça-feira, 1 de junho de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Alguém Muito Especial

Há alguém de quem eu gosto,
Mesmo muito, e és tu!
Criança linda pequenina
Engraçada e jeitosinha.

Muito alegre e bem-disposta,
Sorridente e exploradora
Olhinhos arregalados
Demonstrando atenção.

Há alguém a quem eu amo,
Mais que a vida, que a razão!
Bebé lindo e ternurento
De partir o coração.

Pouco come, mas que importa
Arrelias de uma mãe!
Deixa estar! -diz a avozinha,
É saudável, tudo bem!

Há alguém por quem eu olho,
Com vontade de cuidar
Para sempre nesta vida
Sem querer magoar!

No banho, tal pequenino
O papá terá de dar
A mãe tem sempre receio
Do seu bebé afogar!

Há alguém por quem eu quero,
Fazer algo com carinho
Na certeza que ele saiba
Ter da mãe muito miminho!

Um beijinho, sem demora
Desses lábios tão docinhos
Um abraço que me explora
Uns bracinhos pequeninos!

Há alguém por quem eu choro,
Quando antevejo sofrer
Desespero e quase morro
Sem saber o que fazer!

Há alguém por quem eu vivo
Apreensiva e sem saber
O que o meu filho querido
Do futuro vai receber!

Eduardo, meu Pedrinho
O tempo passa a correr
Agora és um rapazinho
Cresce mais devagarinho!



Carla Bordalo

Aquele Olhar

Estás triste?
Não, não estou…
Tens medo?
Não, não tenho…
Que tens tu, então?
Não sei! Mas… sem medo, nem frio, nem calor, nem…
Que tens tu, afinal?
Tão pouco me sinto feliz, ou triste, ou mal…
E, não! Também não tenho medo de sonhar…
Se sei?
Sei que é noite ou dia,
Porque o sol nasce ou morre no horizonte,
Escondido nas nuvens, perdido no monte…
E é noite?
É a noite fria que enevoa o meu olhar,
Escolho ausente um caminho a optar…
Tão-pouco sei se sou forte,
Nem sei se irei fraquejar…
Medo! Terror de partir e caminhar…
Desistir?
Não travo penúrias de coragem no ar…
Sozinho?
Não estou só!
Se sei? Não, não sei…
Apenas sei que devo caminhar
Pela vereda comprida, espinhosa e, sem fim…
O fim! Não, não o sei…apenas sei que ao entrar,
Aguilhões me arrastam no meu passar…
Se entro? Não sei…
Só sei que no pavor do escuro,
Hesitações, e dúvidas, me vão alcançar,
Tamanhos fundamentos a clarificar…
Segues?
Por esse caminho pretendo passar,
Distinguir o horizonte, o bem e o mal…
Assinalando passagem por essa vereda,
Aprenderei quem sabe... a respirar.



Carla Bordalo

Foste… e tudo se perdeu

Vem!
Espero-te há dias
Tu foste sem mim.
Dias são anos…
Séculos sem fim…

Vem!
Não fujas mais
Vem e fica a meu lado
Como eu ficarei ao teu
Juraste que não irias jamais
Mas, tu… ente amado
Foste e… tudo se perdeu.

Vem!
Vem comigo
Dá-me um abraço
O tempo nada vale sem ti
Fica também meu amigo
Olha já o meu cansaço
Preciso que fiques, fica aqui.



Carla Bordalo


Novo Rumo, Nova Miragem

Entrei no salão e vi
Olhar em olhos de espelhar.
Em boa noite, com jeitinho…
Um braço forte e gesto rude!
Quis sair, quis fugir, não pude…
Entendi apenas um abraço e um carinho.

Mergulhei porém, na imensidão do tempo,
Desloquei o olhar até à margem do passado…
Sofri sozinha, por momentos.
Quando olhei nuns olhos, e pude ver-me neles,
Algo transbordava de novo:
Desconhecido…algemado…

Mas que grande e tão quente
Envolvi num abraço fortemente!
Mirei de novo uns olhos, e vi-me neles!
Reconfortante e feliz… depois chorei,
Quando aos poucos reparei
Que a mesma página, eu virei!




Carla Bordalo

Afortunada Agonia

Tuas palavras, tão ocas sentidas
Fortuna humana de tanto o querer!
Calando-se bocas fechadas num beijo,
Contendo horas passadas, contidas…

Descanso na noite, caminhas sem ver
Perdurando chorosa sem o saber.
Relembra depois, o rosto que apraz.
Ignorando experiências, falsas perdidas!

Afortunada agonia que tanto sofria…
Murmúrios de gritos, brotando na paz.
Percorre a noite, de desejo apagada.
Circula de louca saudade, pacata...



Carla Bordalo

Passado

Seria tão bom, se ao cruzar a estrada…
O passado, eu o encontrasse!
E quando estive tão só
Todo o tempo o esperasse…
Num local cheio de gente!

Mas foge, assim como o presente também.
O porquê, não se compreende tão bem.



Carla Bordalo

Amor calado

Sou a luz e o tempo
Estou no ar que te conduz
Como um pássaro que voa
Entre a chuva e o vento
Pela flor que seduz.

Sou a alma e a dor…
Estou no fervor da calma
Como o fogo que arde
No calor de uma chama
Ou no cair da tarde.



Carla Bordalo

O espelho

Se um dia quiseres algo,
Fá-lo sempre por bem.
Não esperes que a vida
Te dê tudo o que não tem.

Olha ao espelho e vê
O caminho percorrido,
Olha também as mágoas,
Que uma mãe tem sofrido.

Olho para ti e vejo,
Olhos de fúria e azedume.
Não vejo em ti a loucura
De quereres chegar ao cume.

Se tiveres fome, um dia
Nem sequer peças perdão,
Estragaste a tua vida
Com actos de ingratidão.

Se quiseres ter um dia,
Amor e felicidade, também
Não te esqueças da alegria
Que roubaste de alguém…



Carla Bordalo

Poema

Um poema
Uma beleza
Repleto de imaginação
Um poema
Onde mora a tristeza
Ou alegria do coração



Carla Bordalo

Talvez

Talvez um dia!
Talvez um dia me encontres na rua…
E sem eu saber, um dia, me obrigues a parar!
Talvez venhas procurar a minha amizade…
E o carinho do meu olhar!

Talvez…
Talvez um dia repares em mim…
E sem querer, um dia, me faças voltar!
Talvez venhas procurar a minha ternura…
No meu jeito de abraçar!

Talvez…
Talvez ainda saibas o meu nome…
E sem notar, um dia, mo dês a escutar!
Talvez venhas procurar o calor do meu peito…
Numa forma de amparar!

Talvez…
Talvez um dia ainda penses…
Iludida, que não te soube esquecer!
E aí, aí sim…
Tu saberás o que é sofrer!



Carla Bordalo

Sofrimento

Esperança a mais me deram;
Mais uma, mas é pouca.
Tudo me dão, e me tiram
E tudo me tiram por outra.

Vida esta só de esperas
Quem pensas que és afinal?
Já não gosto da viagem
Nem seguir por mais além.

Tudo me tiram, me abandona.
Deus não existe para mim.
Só penso no que rodeia,
Pensando em mim no fim.

Quem és tu, afinal!
De que é feito esse imortal?
Infinita magoa a minha
Que nem sentida mais o é?

Mágoa sem cicatrizar
Mágoa que nem dó tem.
Sombras rodeiam-me a dançar
Mesmo que meus olhos chorem.

Alma perdida a minha!
Mortificada em pedaços
Mesmo que seja infernal,
Não te quero nos meus braços.

Esperança que me deste:
Janela fechada à tranca,
Como um pássaro esvoaçando
No pleno coração em forca.

Pernas andam sem destino
Procurando o que não há.
Tudo me roubou o mundo
Vida para mim, tão má!

Vida quando eu vou viver?
Mundo, quando recomeçar?
Olho-me à volta sem ver,
Mesmo tendo o que olhar.



Carla Bordalo

A luta da alma

Encontra nela
O que te pertence.

Não no seu corpo,
Mas na sua alma,
Quando não vence…

Mas vale tudo,
Num jogo de calma!

É assim teu mundo?
Assim é… minha alma!



Carla Bordalo

Que Farsa, Que Borga


Um sonho que não acorda:
É real que eu existo.
É verdade que eu sou a menor,
Na camisolinha incolor que visto;
Em frente!
Não há nada atrás
É o papel a que assisto!
Não – Grito e fecho os olhos,
Já não existe futuro
Sinto a loucura aos molhos.
Há a marca, a perda e a solidão.
Há ainda as pedras
E o caminho mais duro
Num mundo de vida sem razão.
Desta flor que abandonei
Sigo o seu pólen em frente
O sol que jamais encontrarei
Nesta viagem de vida indecente
Que farsa, que borga!
Que caminhos no mundo da droga…

… E dorme, sem acordar…



Carla Bordalo

Despertar

Fazer algo é sempre um sonho
Sonhar acordado faz bem.
Quando eu penso em ti,
Sonho, sonho acordado também.

Vivo sempre que desperto
Amanhece e eu acordo
Sempre me senti tão só
Que estou no céu e nem me importo.



Carla Bordalo

Um beijo

Um beijo – Um Pedido;
Um beijo – Um Sorriso;
Um beijo – Uma Incógnita;
Um beijo – Um Paraíso;
Um beijo – Uma Tradição;
Um beijo – Um Pecado;
Um beijo – Uma União;

Um beijo ao teu agrado!



Carla Bordalo

Vontade de Viver

Queres martelar essa dor
Ou pelo contrário, esquecer.
Aumentar a minha fúria
De ter ver assim sofrer!

Horas perdidas, dias até,
Meses ou anos de vida…
Remoendo no passado
De uma anterior ferida.

Enxergar a razão do mundo
Não é fácil de entender,
Os espinhos todos calcam
Sem vontade de o fazer.

Podes ainda arrecadar,
Desta vida tão efémera
Sentimentos renovados,
De grande e vida eterna!

Pensamentos não existem
Na natureza inferior,
Cometendo a atrocidade
Da vontade de morrer.

Fraqueza do ser humano,
Cobardia natural.
Culpar a feição de vida
Dizendo “tudo está mal”!

Ergue os olhos para o sol,
Que aquece o teu dia
Deslumbrando à tua volta,
Natureza tão divina.

No radiar da aurora
Em nuvens de escuridão,
Desafiam de manhã
Raios de enérgica luz.

Deixa de ser escuro
Contempla a claridade.
No surgir de um novo dia
A manhã te presenteia.

Ilumina a tua vida,
Em tal dia radiante!
Subindo pela montanha
Num cavalo rocinante.

Mesmo que chova a potes,
O fim do dia é de festa;
Entre flautas e tambores
Em coração Jubilante.

Envolta em escuridão
Se encontra a nossa terra,
Encontrando este silêncio
Repleto de calma cósmica.

Tu comes, bebes e dormes
Com a mesma exigência.
O dia nasceu de novo,
E eu perco a paciência!

Defeitos de seres humanos
Responsável pelos teus,
Aparências não enganam
A perfeição é só de Deus.

Com todas as tuas forças,
Regista o jardim da aurora;
Coberta em túnica branca,
Espera por ti lá fora!



Carla Bordalo

Partida

Eu vou partir.
Não fugir,
Não vou embora
Eu vou crescer,
Eu vou sorrir.

Eu vou crescer, crescer…
Poderei pedir que alguém siga
Como exemplo a ti.
Mas talvez quando amanhecer
Já nem por ti cá estarei!

Eu vou partir,
Eu vou embora
Eu vou fugir, fugir
E quando o dia cair
Eu vou embora

Quando eu me for,
Quando me for embora,
Vou eu, e levarei a minha dor.
Sair sem mais demora!
Eu vou partir,
Eu vou embora.



Carla Bordalo

Choro



Quando nasci, chorei
Vim tarde ao mundo… Eu sei.

Era um choro tão surdo,
O choro que eu chorei.

Chorei ao nascer,
Cresci a chorar…
São lágrimas puras,
São sons de matar!



Carla Bordalo

Imaginação


Nunca foste à lua?
Eu levo-te lá.

Como um feitiço nas estrelas do ar
Que fogem de mim, fugidas do lar
São escravas livres com véus a dançar,

Fogueiras acesas à beira do mar.
Dança singela à luz do luar;
Perdidas na noite… como o teu olhar!



Carla Bordalo

Lágrimas do Coração

Encontro a minha face húmida
Nos olhos que teimam em estar sempre molhados,
A culpa é do coração que chora.
Não é minha, é do coração que sofre!

Encerro o coração em pesado cofre
Sai só uma lágrima abafada,
Os primeiros raios de sol estão de volta
Para secar a única lágrima desamparada.


Carla Bordalo

Arrependimento

Errei!
Fui um jovem que parei,
No medo de querer,
O futuro do amanhã…

Não quis!
Se o meu medo foi negativo,
E se a ausência de tudo insistir,
Duvido que vá existir …

Não fui e fiquei
Parado no tempo,
Esperando o momento…
Da existência em mim…

Desisti!
Com medo de andar,
De me magoar
Sozinho fiquei…

O medo!
O medo de ontem,
Estará presente no meu futuro,
Do amanhã…

Não quero e menciono!
Mas, e eu?
Será o meu sangue assim?
Não terão um dia, os Deuses pena de mim…


Carla Bordalo

Ilusão



Procuro…
No simples reflexo de um sonho
Em cópia de horizonte distante.
Sem mágoa ou pesadelo,
Nem obstáculos
A dimensão aberta a sonhar!

Chave encontrada…
Rumo à paixão,
Porta oposta à da solidão.

Desengano…
De volta ao caminho:
Redondamente retoma o ponto de partida.
Partida ao ponto de aventura,
Em porta cerrada!

Chave perdida…
Contigo na amargura,
Sem porto inseguro.

Iludido…
Planto um obstáculo.
Barreira em minhas mãos,
Numa insistente
Doença do século.

Espelha ilusões…
Vidas embebidas,
Em alucinações.


Carla Bordalo

Paixão

És a alma,

És a vida e a morte!

És um vício, o meu vício, nosso vício;

Autêntico, único, uma montanha…

O pecado e o perdão.

O teu corpo,

O desejo insensato!

Teu olhar, o fogo eterno de saber,

Dos laços que sufocam a dor

Em vestes de prazer.

A tua voz:

Ternura de crueldade!

Sabores amargos, doce sabor;

Vinho tinto, cálice velho e amargo;

Servido até meio.

As mãos,

Delicadas e gastas!

Ansiosas de loucura, ternas de carinho;

Calos ardentes, gastos e vagos;

Desfeitos no tempo.

As palavras,

Invisível música!

Tocada em harpas, som de violino;

Parece um tambor, batido de longe;

Rasgado por dentro.

Os teus olhos,

De cor desumana!

Perdidos em nada, ausentes de fé;

Libertam faíscas, ausências de amor;

Mirando sem ver.

O coração

Inocente paixão!

Incapaz de dar, ignóbil de receber;

Carente de amor, ausente de paixão;

Desonesto sem saber.


Carla Bordalo

Porquê?

Porquê?
Nada, não sei!
Estou deserta, totalmente reprimida.
Estar constantemente revoltada…
Não vem!

Porquê?
Não sei. Este estado mau
Que não vai, e este motivo bom que não vem.
Não quero!
Não sei, não gosto…

Porquê?
Não posso mais!
Este estado de espírito…
Esta infinita angustia…

Porquê?
Vontade de desabafar;
Tendência a chorar;
Gosto de partir!

Porquê?
Por tudo! Deixem-me ir,
Ajudem-me a chorar,
Preciso mesmo de gritar!


Carla Bordalo

Dor

Deitei-me na noite
Acordei soado e com calor.
Chora coração!
Chora de dor!
Penso em ti.
E no nosso amor…
Não adianta… Eu vou…
Eu sei!
A morte não tarda… já cá morou.
Vai nuvem, que nuvem cinzenta!
Haja luz na minha vida!
Chora!
Chora no meu ombro,
Chora e assenta,
Assenta a tua dor
Lá fora!



Carla Bordalo

“Desabafo Consentido”

Se teu leito divulgasse,
O que visse ou escutasse,
Seria eu um mendigo!

Do prazer enaltecido
Rapinado dos teus braços!

Travesseiros bem discretos
Consentindo o desabafo,
Que nada eles censurem…

Que tamanha insensatez
Nada disso é criticado…

Resguardados sem ouvidos
Em palestras repetidas…
Mas se teus lençóis contassem…

Que enigmas não teria
Se maldades declarassem!


Carla Bordalo

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pressentimento


Construir um sonho vago na cabeça;
Pensar, hora após hora no futuro;
Evitar que o inesperado aconteça;
Planear o caminho mais seguro…
E a intuição diz-me que esqueça!

Reencontrar caminhos por onde andei;
Procurar em vão enterrar o meu destino;
-- Parei um pouco, e meditei--
Pisando no caminho mais obscuro…
Sem noção dos passos que dei!

Vasculho sem nada encontrar;
Passeio no tempo do barramento;
Tenho vontade de seguir e vontade de voltar;
Garra e força, energia e contentamento…
Mas o pressentimento, esse, não me deixa dominar.



Carla Bordalo

Morte Pedida

Aquela estrela que eu vi,
Foi a ela que eu pedi
E supliquei para me levar.
Linda com o seu brilhar!

Oh! Maravilhosa estrela,
Leva-me esta noite
Para acordar perto de ti!
E foi tudo o que pedi…

Devorava céus e terras
Aclamava a essa estrela:
Não sejas assim teimosa
E leva-me estrela formosa!

Mas quando o meu rosto frio,
Banhado em lágrimas caiu,
O sono em mim surgiu,
Como um raio que me atingiu.

Meus olhos contemplaram a manhã
Noite malvada, a passada
Se te voltar a ver, sua estrela,
Tu verás a minha espada!


Carla Bordalo

Cobardia

Em silêncio, descobri tudo.
Observando, vi quem tu és
Ninguém é perfeito
Mas tu és de má rés.

Tu foste um cobarde
E com tanta cobardia…
Sem encarar a realidade
Ignoraste o que eu sentia!



Carla Bordalo

Desencanto


Ainda recordo sozinha

Da janela do meu quarto

E em noites de luar…

Do cheiro que sentia… ao te abraçar…


Naquele chão viscoso, após o jantar!


Guardo sempre para ti

Um lugar bem juntinho

No interior do meu peito

Terás sempre um cantinho…


Vazio, como será de esperar!


Admirar-te a dormir

Naquele quarto junto ao mar

Desprovido de janelas

Sem luar no teu rosto, ou algo para te tapar…


Nada me fez encantar!


A ausência de calor

Reflectida no teu corpo,

Ateou as brasas da fogueira

Com que me aqueci

Saciou a minha fome de tal maneira…


Que já me esqueci!


Carla Bordalo